Humanização,
acolhimento e bem-estar. Esses três princípios caracterizam a prática da
Ofuroterapia nos bebês prematuros internados nas unidades neonatais do Hospital
Regional de Ceilândia (HRC). Trata-se de um banho terapêutico, realizado três
vezes por semana, em horários distintos, onde os pequeninos recebem, pela
equipe multiprofissional, cuidados especiais que incluem banho de sol, massagem
corporal e estimulação tátil para promover o equilíbrio e a percepção do ambiente.
Segundo a
terapeuta ocupacional do HRC Hellen Delchova, o longo período de
hospitalização, que dura de dois a cinco meses, provoca muitos efeitos
negativos nos bebês, como estresse, irritação, dificuldades no desenvolvimento
e na hora de dormir. "O ofurô ajuda a minimizar essas consequências, pois
é uma atividade que proporciona conforto e relaxamento à criança",
esclarece.
A
profissional ressalta que estudos comprovam a eficácia do uso dessa terapia, de
forma a trazer reais benefícios para os bebês. "O banho terapêutico
estabiliza a frequência respiratória e a cardíaca, ajuda nas cólicas. Além
disso, é um procedimento que o bebê não chora e, geralmente, ele entra e sai do
banho dormindo."
O trabalho é
feito em todas as crianças das unidades, desde as que estão entubadas até as
que já saíram da terapia intensiva, mas ainda necessitam de observação e
cuidados profissionais por não estarem estáveis e precisarem ganhar peso.
GRATIDÃO – A
estudante Sara dos Santos, de 18 anos, deu à luz seu primeiro filho, Murillo
Ricart. A criança nasceu prematuramente e deu entrada na Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal (Utin) do HRC com 1,295 kg. Hoje, um mês e dez dias depois,
ela está com 1,790 kg e, para a nova mamãe, o banho terapêutico garantiu
qualidade de vida para ela e seu bebê.
"Quando
voltar para casa, repetirei tudo o que aprendi aqui no hospital. Nunca tinha
ouvido falar sobre a Ofuroterapia e, hoje, conheço todos os ganhos que ela
traz. Meu filho parece outra criança quando termina o banho", relata a
jovem. Ela destaca não apenas os bons resultados, mas também a possibilidade
gerada pela iniciativa de fazer com que as mães estreitem o vínculo com cada
profissional, contribuindo para suavizar o período de internação.
Françoise
Souza, de 38 anos, é dona de casa e possui hipertensão crônica. Devido à
doença, todos seus três filhos nasceram prematuros. Agora, gerou Rodrigo
Henrique de Freitas, de dois meses. Antes do nascimento do bebê, ela precisou
ser internada por um mês para que sua gestação fosse acompanhada de perto pelos
profissionais. Rodrigo veio ao mundo com 1,220 kg e agora está com 1,610 kg.
"Minha
gravidez foi de alto risco e, por isso, passei por muitas preocupações nesse
período. Desde que o Rodrigo nasceu, sempre chorou muito devido ao estresse,
procedimentos e medicamentos a que foi submetido. Quando vejo meu filho
relaxado dentro do ofurô, consigo esquecer o que passamos e me sinto feliz de
verdade", enfatiza Françoise.
AÇÕES – A
Utin e a unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (Ucin) do HRC oferecem outras
atividades às mães e seus filhos internados. Todas as ações têm a participação
da equipe multiprofissional composta por pediatra, enfermeiro, técnico de
enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo.
Além da
Ofuroterapia, a neonatologia de Ceilândia promove o contato pele a pele do bebê
com a mãe o mais cedo possível após o nascimento; grupos e oficinas
terapêuticas com a produção de objetos para os bebês; ações em comemoração às
datas festivas; sessões de fisioterapia e fonoaudiologia; aulas de artesanato
semanal com crocheteira e outros.
Após a alta
hospitalar, os pacientes fazem, até os 18 meses de idade, a estimulação precoce
com terapeuta ocupacional, que consiste em um programa de avaliação e
intervenção no desenvolvimento neuropsicomotor. Assim, as mães são ensinadas a
brincar com seus filhos em casa, como posicionar a criança, quais os tipos de
brinquedo ideal para cada idade, entre outras ações.
A unidade
planeja implementar ainda neste mês o uso de pequenas redes dentro das
incubadoras dos bebês que apresentam muita irritação. O objetivo é estimular a
flexibilidade, acalmar o recém-nascido e oferecer, também, a percepção do
ambiente.