MARIANA
DAMACENO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
Oferecer
refeição balanceada a crianças em vulnerabilidade social é um dos principais
objetivos da Associação Viver Vida Estruturada, na Estrutural. Para atender 300
meninos e meninas, com idade entre 6 e 15 anos, a entidade conta com uma
nutricionista, que monta o cardápio semanal recheado de frutas, verduras e
legumes.
A associação
Viver Vida Estruturada, coordenada por Laila Cássia Bueno, é uma das 155
inscritas atualmente para receber doações do Banco de Alimentos da Ceasa
O lugar
dispõe de cinco cozinheiras, que fazem por dia cinco quilos de arroz e três de
feijão, além de suco de frutas e vitaminas. Fora o almoço e o jantar, a
associação ainda oferece café da manhã e lanche da tarde.
Segundo a
coordenadora-geral da instituição, Laila Cássia Bueno, a comida com variedade e
qualidade nutricional só é possível graças à doação que recebe, sobretudo, do
Banco de Alimentos da Centrais de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa).
“Já ficamos sem receber por problemas em documentos, e fez muita falta”,
revela.
A retirada
dos produtos ocorre semanalmente. No caso da Viver Vida Estruturada, sempre às
terças-feiras. “Atendemos muitas crianças, que, com certeza, não teriam acesso
a essa alimentação em casa”, explica Laila.
"Atendemos
muitas crianças, que, com certeza, não teriam acesso a essa alimentação em
casa"
Laila Cássia
Bueno, coordenadora-geral da Associação Viver Vida Estruturada
Nas 14
atividades de esporte, cultura e lazer oferecidas no contraturno escolar, mais
de 80% dos jovens atendidos pelo programa são filhos de pessoas que trabalham
no aterro controlado do Jóquei, ao lado da associação.
A entidade
da qual Laila faz parte é uma das 155 inscritas atualmente para receber doações
do banco. Antes de ser incluída na lista, a instituição passa pela visita de um
assistente social, que avalia desde a quantidade de pessoas atendidas à
situação do espaço para armazenamento.
As visitas,
tanto da assistente social quanto de uma nutricionista, são constantes. Nelas é
possível, por exemplo, identificar quem precisa de atenção especial ou deixar
de receber certos alimentos. “Existem lugares com alto índice de diabéticos.
Precisamos ter o cuidado de não oferecer doces a eles”, exemplifica o diretor
de Segurança Alimentar da Ceasa, José Patti Netto.
Com base nos
encontros, a equipe também consegue detectar locais cujos funcionários precisam
passar por capacitação. “Oferecemos cursos para as entidades aprenderem a
reaproveitar integralmente os alimentos”, explica Netto. A medida é para
garantir, segundo ele, que não haja desperdício do que foi doado.
As
capacitações envolvem técnicas de como preparar receitas com aquilo que
normalmente não seria utilizado ou que atendam às necessidades do público
local. As últimas oficinas foram sobre preparo de pão, pratos à base de banana
e refeições sem glúten e lactose.
"Oferecemos
cursos para as entidades aprenderem a reaproveitar integralmente os
alimentos"
José Patti
Netto, diretor de Segurança Alimentar da Ceasa
Neste ano, o
banco conseguiu aumentar consideravelmente o aproveitamento de produtos que
normalmente seriam descartados pelos empresários e produtores que ocupam a
Ceasa. No mês passado, por meio do programa Desperdício Zero, evitou-se que 34
toneladas de comida fossem para o lixo — um recorde para a Ceasa.
Para que o
desperdício saísse de pouco mais de uma tonelada, em maio do ano passado, para
o valor alcançado atualmente, a central tomou algumas medidas, como a aquisição
de um carro exclusivo para o transporte das frutas e verduras e escolha de
funcionários específicos para o serviço.
Também
disponibilizou um número de telefone para que os comerciantes entrem em contato
e solicitem o recolhimento do material. Além disso, quem participa recebe uma
prestação de contas do que está sendo doado.
Oito
funcionários, com auxílio da nutricionista, são responsáveis por receber, triar
e separar as frutas, os legumes e as verduras em bom estado para consumo, que
poderão ser doados.
Os
empresários e produtores se desfazem daquilo que está fora do tamanho padrão —
seja muito grande ou muito pequeno —, alimento que por um detalhe acaba não
sendo comprado.
90%
Índice de
aproveitamento dos gêneros coletados pelo programa Desperdício Zero do Banco de
Alimentos da Ceasa
Cerca de 90%
do que chega ao programa consegue ser aproveitado. Atualmente, os outros 10%
acabam descartados por apresentarem algum tipo de problema, como um simples
machucado em uma fruta.
A Ceasa já
tem projeto pronto para reduzir o desperdício. Com novas instalações físicas e
aparelhagem adequada, o banco ganhará unidade de transformação de alimentos.
A nova
unidade será capaz de produzir seleta de legumes, polpas de frutas e sopa
desidratados, entre outros produtos. Com isso, haverá aproveitamento integral
dos gêneros.
Programa de
Doação Simultânea da Ceasa
Além do
Desperdício Zero, a Ceasa conta com outra iniciativa para arrecadar alimentos
destinados a instituições. O programa Doação Simultânea funciona à base de
parceria com entidades públicas e privadas para troca de produtos não perecíveis
por ingressos para eventos culturais ou esportivos.
No banco,
funcionários checam a data de validade e a procedência de cada item. No caso de
alimentos, são feitas cestas básicas de 25 quilos, depois entregues às
instituições. A prioridade é para que o conjunto seja o mais variado possível,
com itens como arroz, feijão e farinha. O programa também arrecada roupas e
brinquedos.
Por mais que
haja esforço em obter doações sortidas, o diretor da Ceasa lembra que se trata
de alimentação complementar. “Nossa meta é a qualidade, aumentar o mix de
alimentos ofertados.” Desde outubro, foi possível subir de cerca de 400 gramas
para 1,2 quilos a cota doada por pessoa, a cada semana.
A Ceasa
ainda tem uma terceira frente: o Programa de Aquisição de Alimentos. Com verba
do governo federal, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e
Desenvolvimento Rural adquire gêneros da agricultura familiar para
distribuição. Entre os produtos, há bolos, biscoitos e doces, por exemplo.
Para
cadastrar entidades de assistência social, basta acessar o site da empresa,
preencher o formulário de inscrição e entregar, juntamente com os documentos
exigidos, ao banco.
O Banco de
Alimentos da Ceasa é referência nacional e constantemente é visitado por
autoridades de outras partes do Brasil e do mundo.
EDIÇÃO:
VANNILDO MENDES