Por Dr.
André Felício, CRM 109.665, neurologista, doutorado pela UNIFESP/SP,
pós-doutorado pela University of British Columbia/Canadá, e médico pesquisador
do Hospital Israelita Albert Einstein/SP
A cena é
conhecida: a pessoa está se preparando para deitar, depois de um longo dia, e,
neste exato momento de descanso, as pernas começam a doer, e há uma intensa
vontade de balançar os membros inferiores. Trata-se da síndrome das pernas
inquietas, a SPI, um problema neurológico que acomete de 5 a 10% da população,
mas é pouco reconhecido.
A
denominação “pernas inquietas” se refere ao fato de o indivíduo ter que
movimentar as pernas para aliviar os sintomas desconfortáveis, como dor,
formigamento e ardor nas pernas, do joelho para baixo, especialmente no final
do dia, e que pode piorar em períodos de repouso prolongado.
Outra pista
para o diagnóstico de síndrome das pernas inquietas são os movimentos
periódicos dos membros, que ocorrem à noite durante o sono, e são
involuntários. É bastante percebido no dia seguinte, quando se nota o excesso
de bagunça nos lençóis.
Em relação a
fatores que podem agravar a síndrome, destaca-se o consumo abusivo de cafeína,
um dos vilões de quem sofre desta síndrome. Por outro lado, movimentar-se
(caminhar ou correr) e fazer massagem nas pernas são dicas boas para aliviar
estes sintomas, e muitos dos que sofrem da síndrome das pernas inquietas, nesta
hora, podem contar com os parceiros de cama para auxiliar com massagens ou outras
técnicas de relaxamento.
Ainda não há
formas de prevenção para a síndrome das pernas inquietas, até porque uma parte
grande dos casos é hereditária. A boa notícia é que há algumas medicações que
podem amenizar bastante os sintomas como remédios das seguintes classes:
agonistas dopaminérgicos, anticonvulsivante e benzodiazepínico. Como sempre, o
ideal é buscar orientação de um médico familiarizado com este problema, que irá
sugerir a melhor opção de tratamento ao paciente, após confirmar o diagnóstico.