sexta-feira, 20 de junho de 2014

Saiba como ajudar seu filho a perder o medo

                           Para apresentar o melhor da literatura infantil ao seu filho




De todos os desafios que as crianças têm na vida, os medos que enfrentam estão entre os mais difíceis de superar. Como explicar o medo do escuro, de ficar sozinho, aquele friozinho na barriga antes de viver algo novo? A literatura infantil aborda bem isso, como no livro A Princesinha Medrosa, de Odilon Moraes, que a Editora Cosac Naify acaba de relançar e cujos desenhos ilustram esta reportagem

Por Bia Reis


Um belo dia, o boneco que sempre esteve na prateleira se transforma em um terrível bruxo. O escuro, que até agora embalava e garantia um sono tranquilo, vira inimigo e o grande responsável pelos fantasmas e monstros que invadem o quarto no meio da noite. E seu filho passa a temer lobos e vampiros e até roupas penduradas na cadeira.
A situação parece familiar? Saiba que é mesmo. Quase todas as crianças sentem medo de coisas e pessoas em algum momento. E, assim como acontece com a gente, alguns temores são intensos e nos deixam mais apreensivos, enquanto outros não passam de um “medinho”. O temperamento da criança e a nossa habilidade para tratar do assunto influenciam a maneira como ela lida com seus temores. Por isso, faça a primeira coisa que você diria a ela: mantenha a calma.
O ser humano convive com o medo desde o nascimento e por questão de sobrevivência: afinal, é um estado de alerta. Por isso, começamos a senti-lo tão cedo. Os bebês podem se assustar com barulhos e luz forte. Depois, por volta dos 7 ou 8 meses, podem temer pessoas, como o pediatra. Se a gente fica apreensivo em uma consulta médica, imagine um bebê que não se lembra de nada e ainda tem de ficar peladinho e se deixar ser examinado?
É por volta dos 3 anos, porém, que as crianças costumam ficar mais medrosas. Com a imaginação a todo o vapor, elas confundem fantasia e realidade, e os temores, então, tornam-se intensos, apesar de abstratos. Fantasmas e lobisomens entram em cena. E você passa a ouvir aqueles: “Mas é de ver-da-de!”. Um medo clássico dessa fase é o do escuro, e é fácil entender o porquê. Imagine você, pequeno, num quarto escuro, pensando em lobos, bruxas e monstros... Assustador, não? A partir dos 5 anos, surgem os medos reais, como o de ser esquecido na escola, e, um pouco mais para a frente, o da morte. Há também os pavores desencadeados por traumas, que podem aparecer em qualquer idade. Se seu filho for mordido por um cão, vai querer evitar qualquer cachorro.
E existem ainda os medos de situações que as crianças aprendem com os adultos, como o pavor do dentista ou a expectativa de ser assaltado. Atenção com o que for comentar perto delas. Que tal evitar falar sobre a terrível dor que sentiu quando tratou um canal? E o mais importante: jamais crie outros medos, como ameaças em nome de educar. Afinal, o papel dos pais é o de proteger e ajudar a crescer.

Lobo existe, sim
Dizer “Pare com essa bobeira e volte a dormir no seu quarto porque lobo não existe”, além de crueldade, é perda de tempo. “O medo na infância deve ter um tratamento inteligente pelos adultos. É preciso ajudar a criança a identificá-lo, examiná-lo e enfrentá-lo, sem fingir que é algo pequeno, porque, para ela, tem uma dimensão maior”, afirma o filósofo e educador Mario Sergio Cortella.
Cuidado para não transformar o medo passageiro em algo duradouro. Se seu filho está com medo de entrar no mar, brinque na areia para que vá se acostumando. Quando você menos esperar, o temor passará. Se o barulho do aspirador o amedronta, deixe para usar o aparelho quando ele não estiver presente.
A melhor estratégia é dar espaço para que a criança expresse seus sentimentos. Ao falar sobre seus temores, ela aprende a conviver com eles, a controlá-los, para, enfim, libertar-se. Explique que o medo é um sentimento normal, assim como a felicidade, a tristeza e a raiva. Depois, lembre o que assustava você quando criança e conte para seu filho. Ele se sentirá mais acolhido e, aos poucos, perceberá que conseguirá se livrar do medo, assim como você.
Além da literatura, os programas infantis também podem dar uma mão. “Eles fazem as crianças vivenciar seus medos sem serem expostas diretamente”, alerta Âmbar Barros, coordenadora do núcleo infanto-juvenil da Fundação Padre Anchieta, que preside a TV Cultura e a TV Rá Tim Bum.
Apesar de naturais, os temores das crianças não podem limitar o convívio social delas. “Quando a criança modifica seu comportamento, se fechando no quarto, por exemplo, ou muda a rotina para fugir de algo que a apavora, é hora de procurar ajuda”, afirma a psicóloga infantil Patricia Spada, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Se esse não for o caso de seu filho, respire fundo e tenha muita paciência e compreensão. O medo do lobo e dos trovões vai desaparecer aos poucos... para dar lugar a novos medos! Afinal, é assim que aprendemos a viver.
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