Há no DF uma
demanda crescente por atendimento e tratamento especializados em autismo. Este
foi um dos aspectos discutidos pelos participantes da solenidade em comemoração
ao Dia do Orgulho Autista nesta segunda-feira (19) no plenário. O autor da
homenagem, deputado Robério Negreiros (PSDB), destacou que existem cerca de
dois milhões de pessoas com transtorno autista no País, sendo 13 mil no DF.
Para atender à demanda por tratamento especializado, o parlamentar sugeriu a
criação de uma clínica-escola voltada aos autistas. E se dispôs a apresentar
emenda ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias de 2018 (PL nº 1.569/16),
em tramitação na Câmara Legislativa neste mês, para destinar recursos à
construção da clínica.
A
necessidade de uma clínica multidisciplinar e especializada em autismo foi
defendida pela diretora do ensino especial do Movimento Orgulho Autista Brasil
(MOAB), Viviane Guimarães. "Hoje os pais recebem o diagnóstico que o filho
tem autismo e não sabem o que fazer, para onde ir; a clínica pode ser um ponto
de partida", disse. Mas é necessário que "as políticas públicas saiam
do papel", complementou.
Existem
cerca de 350 crianças e adolescentes em lista de espera no Serviço
Especializado em Alterações do Desenvolvimento Infantil do Centro Educacional
de Audição e Linguagem Luduvico Pavoni (CEAL-LP), segundo a coordenadora da
área, Edinizis Belusi. Ela defendeu a urgente ampliação da capacidade de
atendimento no CEAL, que atualmente trabalha na reabilitação de 160 crianças e
adolescentes com diversos graus de autismo. Nesse sentido, a advogada do
Movimento Orgulho Autista (MOAB), Adriana Monteiro, sugeriu parceria entre a
MOAB e o CEAL.
Depoimentos
– A importância do diagnóstico precoce foi a tônica da fala do estudante
Bernardo Martinez, 16 anos, diagnosticado com autismo quando tinha um ano e 11
meses. "Recebi tratamento em Porto Alegre, onde morava, e hoje tiro boas
notas, tenho boa relação com amigos e familiares, e tenho planos para o futuro.
Agradeço por tudo e espero que outras pessoas também recebam tratamento digno e
de boa qualidade", declarou.
Processo
inverso ocorreu com a servidora pública Silene Santana, 33 anos, diagnosticada
com síndrome de Asperger – condição neurológica do espectro autista -
tardiamente. "O diagnóstico tira um peso muito grande quando se é
diferente". Segundo Silente, graças à família, hoje ela tem um emprego e
sabe se expressar. "A coisa que os autistas querem é respeito à
neurodiversidade", argumentou.
Também
participaram da solenidade o presidente do MOAB, Fernando Cotta, e a
idealizadora do projeto inclusivo "Estou no Jogo", Claudia
Chabalgoity.
Franci
Moraes - Coordenadoria de Comunicação Social