MARIANA
DAMACENO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
Ceilândia
ampliou de 26,71% para 36,43% a cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Dentro dos critérios de vulnerabilidade econômica e social, duas unidades
básicas escolhidas na região foram transformadas, em abril, em unidades de
transição.
Isso
significa que as Unidades Básicas de Saúde 6 e 12 deixam de ser mistas —
funcionavam com os modelos tradicional e novo — e passam a atender
exclusivamente dentro da estratégia.
As equipes —
por enquanto, duas em cada estabelecimento — são formadas por profissionais que
optaram por fazer parte da conversão progressiva, regulamentada pela Portaria
n° 78, de 2017.
Cada equipe
de transição tem três médicos: um clínico geral, um ginecologista e um
pediatra, além de três enfermeiros e seis técnicos em enfermagem. A partir de
sexta-feira (5), parte do grupo passará por capacitação para que os integrantes
se tornem, de fato, profissionais de Saúde da Família.
Profissionais,
inclusive médicos, recebem capacitação para que a atuação na comunidade vá além
de suas especialidades
No caso dos
médicos, o esforço é para que se tornem generalistas e atendam além de suas
especialidades. “Isso para que eles estejam aptos a atender em todos os ciclos
de vida”, resume o diretor da Atenção Primária da Região Oeste, Luís Henrique
Mota.
Troca de
experiência
O
treinamento é por módulos e inclui partes teóricas e práticas. A composição das
equipes não é por acaso. Já na capacitação, os profissionais atenderão
pacientes do território adscrito enquanto treinam.
José
Fernandes Pontes é clínico geral da Secretaria de Saúde há 30 anos e optou por
integrar a conversão. Ele atende na UBS 6 e conta que já teve contato com as
especialidades de ginecologia e pediatria anteriormente.
O médico
explica que tem conversado com os colegas da equipe sobre as dúvidas naturais
que ocorrem. “A troca de experiência é natural e vai acontecer de forma
facilitada.”
O mesmo se
dá com enfermeiros, que, na estratégia, são parte tão importantes quanto o
médico. “O modelo tradicional não permite isso. É muito focado na assistência
médica”, compara o diretor.
"A
troca de experiência é natural e vai acontecer de forma facilitada (na
Estratégia Saúde da Família)"
José
Fernandes Pontes, clínico geral
Dejane Elis
René de Araújo é enfermeira na atenção primária há quase duas décadas e agora
fará consultas. “Faço a escuta qualificada das pessoas e venho aqui mostrar
para ele [o doutor] ver se estou solicitando os exames suficientes ou se ele
acha diferente.” Ela e o clínico geral fazem parte do mesmo grupo.
Ao fim do
processo, que deve durar seis meses, cada equipe, que agora será responsável
por 11.250 usuários, vai ser desmembrada em outras três. Quando isso ocorrer,
um grupo terá 3.750 pacientes cadastrados — um terço do valor atual.
Primeira
fase
Em uma
primeira fase, a Superintendência Oeste — responsável por Ceilândia e
Brazlândia — usou o mesmo critério de vulnerabilidade para apontar duas outras
unidades básicas de saúde (UBS 8 e UBS 10) para fazer a migração de mistas para
exclusivamente ESF.
Nesse caso,
equipes da estratégia que já atuavam em outros postos de atendimento foram
concentradas nos dois espaços.
Com essa
primeira medida, a cobertura do território passou de 23,48% para 26,71%. O
próximo passo, já na semana que vem, é fazer com que na Unidade Básica de Saúde
9 o atendimento também passe a ser exclusivamente dentro do novo modelo.
Isso será
possível graças à nomeação de novos profissionais aprovados em concurso
público, anunciada pelo governo na terça-feira (2). Seis médicos serão lotados
na UBS.
Nova
política de atenção primária
A nova
política de atenção primária do DF foi definida pela Portaria nº 77, de 2017, que
prevê que todas as unidades básicas funcionem com equipes da Estratégia Saúde
da Família. A conversão do antigo modelo para o novo é progressiva: até junho,
todos os locais que ainda atendem sob as regras tradicionais deverão estar em
transição.
EDIÇÃO:
VANNILDO MENDES