quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Crianças com enxaqueca é mais comum do que se imagina



Dor de cabeça não é coisa de adulto. É o que revela estudo conduzido pelo neurologista brasileiro Marco Antônio Arruda, especialista em crianças e adolescentes, publicados na revista Crescer. A pesquisa mostra que, no país, existem cerca de 2,1 milhões de crianças com enxaqueca e relaciona o problema a outros fatores, como baixo desempenho escolar.
O especialista coordenou um projeto chamado Atenção Brasil, com a participação de outros pesquisadores de várias universidades brasileiras e estrangeiras. O objetivo era descobrir se o problema interfere no desempenho escolar das crianças. Então, foram entrevistadas 5.671 crianças entre 5 a 12 anos, de 87 cidades em 18 estados brasileiros. O resultado mostrou que 37,1% das crianças sofrem com enxaqueca crônica, ou seja, tiveram dores durante 15 ou mais dias por mês nos últimos três meses, e 32,5% das crianças sofrem com enxaqueca episódica. Nesse caso, as crianças tiveram até 15 dias de dor de cabeça por mês. E apenas 23,2% das crianças não sofrem com dores de cabeça.

De acordo com a análise das entrevistas pelos cientistas, as crianças com enxaqueca crônica têm 1,6 mais chances de apresentarem baixo desempenho escolar em relação àquelas sem dor de cabeça. Já as que sofrem com o problema episódico têm 1,3 mais chances comparadas com as crianças sem o problema. Também foi possível perceber que as que sofrem com enxaqueca faltam mais na aula. O estudo estima que três milhões de dias de aula sejam perdidos ao ano no Brasil por causa do problema.

Mas ai surge a dúvida, dor de cabeça ou enxaqueca? Primeiro, é importante saber que a enxaqueca é determinada por fatores genéticos. Ou seja, se um ou mais familiares sofrem com a dor, seu filho terá mais chances de ter o problema. Outra questão de grande importância é: a cefaleia (dor de cabeça) é apenas um sintoma, como a febre, por exemplo. Já a enxaqueca é uma doença causada por alterações químicas cerebrais, caracterizada por crises recorrentes de dor de cabeça, com intervalos sem dor.

Uma dica para os pais: Fiquem atentos a alguns sinais importantes que podem dizer muito sobre o tipo de dor que a criança sente. É fundamental perguntar que local dói e como é a dor (se pulsa como um coração dentro da cabeça, se aperta ou se queima). Também é importante observar se ela recusa a alimentação na hora da dor, se tem náuseas e se fica mais sensível à luz e ao som – pessoas com crise de enxaqueca têm intolerância à luz e som. Além disso, analise se a dor progride ao longo dos dias, semanas e até meses, se o seu filho desperta durante a noite por causa da dor e se com ela, ele modifica o seu comportamento e diminui o rendimento na escola. Todos esses são sintomas da enxaqueca.