Dor de
cabeça não é coisa de adulto. É o que revela estudo conduzido pelo neurologista
brasileiro Marco Antônio Arruda, especialista em crianças e adolescentes,
publicados na revista Crescer. A pesquisa mostra que, no país, existem cerca de
2,1 milhões de crianças com enxaqueca e relaciona o problema a outros fatores,
como baixo desempenho escolar.
O
especialista coordenou um projeto chamado Atenção Brasil, com a participação de
outros pesquisadores de várias universidades brasileiras e estrangeiras. O
objetivo era descobrir se o problema interfere no desempenho escolar das
crianças. Então, foram entrevistadas 5.671 crianças entre 5 a 12 anos, de 87
cidades em 18 estados brasileiros. O resultado mostrou que 37,1% das crianças
sofrem com enxaqueca crônica, ou seja, tiveram dores durante 15 ou mais dias
por mês nos últimos três meses, e 32,5% das crianças sofrem com enxaqueca
episódica. Nesse caso, as crianças tiveram até 15 dias de dor de cabeça por
mês. E apenas 23,2% das crianças não sofrem com dores de cabeça.
De acordo
com a análise das entrevistas pelos cientistas, as crianças com enxaqueca
crônica têm 1,6 mais chances de apresentarem baixo desempenho escolar em
relação àquelas sem dor de cabeça. Já as que sofrem com o problema episódico
têm 1,3 mais chances comparadas com as crianças sem o problema. Também foi
possível perceber que as que sofrem com enxaqueca faltam mais na aula. O estudo
estima que três milhões de dias de aula sejam perdidos ao ano no Brasil por
causa do problema.
Mas ai surge
a dúvida, dor de cabeça ou enxaqueca? Primeiro, é importante saber que a
enxaqueca é determinada por fatores genéticos. Ou seja, se um ou mais
familiares sofrem com a dor, seu filho terá mais chances de ter o problema.
Outra questão de grande importância é: a cefaleia (dor de cabeça) é apenas um
sintoma, como a febre, por exemplo. Já a enxaqueca é uma doença causada por
alterações químicas cerebrais, caracterizada por crises recorrentes de dor de
cabeça, com intervalos sem dor.
Uma dica
para os pais: Fiquem atentos a alguns sinais importantes que podem dizer muito
sobre o tipo de dor que a criança sente. É fundamental perguntar que local dói
e como é a dor (se pulsa como um coração dentro da cabeça, se aperta ou se
queima). Também é importante observar se ela recusa a alimentação na hora da
dor, se tem náuseas e se fica mais sensível à luz e ao som – pessoas com crise
de enxaqueca têm intolerância à luz e som. Além disso, analise se a dor
progride ao longo dos dias, semanas e até meses, se o seu filho desperta
durante a noite por causa da dor e se com ela, ele modifica o seu comportamento
e diminui o rendimento na escola. Todos esses são sintomas da enxaqueca.