Há cerca de
um ano, o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) disponibiliza aos pacientes
oncológicos com mucosites - úlceras ocasionadas por inflamações bucais - o
tratamento de laserterapia na Unidade de Odontologia. A técnica utiliza uma luz
de laser de baixa intensidade na parte interna da boca da pessoa com câncer
para estimular a cicatrização da mucosa, aliviar a dor e melhorar a produção de
saliva.
O usuário
desenvolve a mucosite após iniciar o tratamento com quimioterapia e radioterapia.
Quem tem esse efeito colateral, apresenta sintomas como sensibilidade, dor e
desconforto na boca, além de dificuldades para mastigar e ausência de paladar.
Segundo a cirurgiã dentista do HRT Emmanuelle Capelleni essa terapia é a
principal forma de prevenir o início dos problemas bucais decorrentes do
tratamento oncológico, e também evitar a progressão deles.
A
especialista em Odontologia Hospitalar e Endodontia esclarece que a mucosite
tem alta incidência. "Nos pacientes em quimioterapia, estima-se a
ocorrência entre 20% e 40%. Na radioterapia, é esperado que 100% das pessoas
desenvolvam algum grau desse efeito colateral no decorrer ou ao término do
tratamento", explica Emmanuelle.
PÚBLICO – O
tratamento é oferecido na Unidade de Odontologia do HRT durante quatro dias da
semana. O atendimento é feito por três cirurgiões dentistas habilitados em
laserterapia. Em cada turno, a média é de quatro pacientes assistidos.
Para receber
a terapia, os pacientes devem ser encaminhados à unidade por recomendação do
médico responsável ou pelo profissional de enfermagem. No parecer é necessário
constar a descrição do tratamento (quimioterapia ou radioterapia) e as
medicações utilizadas pelo usuário. Atualmente, o benefício contempla as
pessoas com câncer tratadas no HRT e que têm alguma infecção bucal.
A técnica de
enfermagem da Unidade de Oncologia do HRT Tacciana Pupcinelli conta que a
laserterapia é aliada indispensável no tratamento dos pacientes oncológicos.
"Antes de termos essa terapia no hospital, os pacientes que desenvolviam a
mucosite eram tratados apenas com a saliva artificial, mas ela não tem o mesmo
efeito que o laser", relembra a servidora.
Ela destaca
que a laserterapia minimiza os impactos dos efeitos colaterais causados pelo
tratamento da doença. "Quando a quimioterapia e radioterapia são
realizadas simultaneamente ao laser, o paciente não precisa interromper o
cronograma das sessões, pois ele consegue se alimentar de maneira adequada e
também não apresenta úlceras bucais que o impossibilitarão de salivar
corretamente."
BENEFICIADOS
– A dona de casa Maria do Socorro Costa, de 58 anos, luta contra o câncer há
sete anos. Nesse período, a doença se desenvolveu em uma das mamas, axila,
pulmão, olho e cabeça. Há quatro meses, ela iniciou o tratamento com
laserterapia no HRT. À época, a aposentada chegou à unidade com um quadro grave
de mucosite que lhe causava muitas dores e a incapacitava de se alimentar.
"Quando
comecei o tratamento, tinha perdido seis quilos por não conseguir mastigar os
alimentos. Para mim, comer significava sentir dor. Devido ao emagrecimento,
tive que interromper a quimioterapia por um tempo até conseguir voltar a me
alimentar", relata.
Maria conta
que, após as primeiras sessões com laser, a diferença foi efetiva. Até o
momento, ela conseguiu recuperar quatro quilos e não sente mais dores na boca.
Em junho
deste ano, a também dona de casa Farides Pereira, de 61 anos, realizou sua
última sessão de quimioterapia por ter sido diagnosticada com câncer em uma das
mamas. Em dezembro de 2016, ela iniciou a laserterapia.
"Quando
cheguei para fazer minha primeira sessão, estava com muita dor e sensibilidade
e já não conseguia me alimentar com facilidade", declara a paciente. Hoje,
já recuperada do câncer, ela relata estar completamente feliz com o resultado
do tratamento, além do carinho e acolhimento que recebeu de todos os
profissionais da equipe.