O Hospital
de Base implementou um novo ambulatório na unidade, para atendimento específico
a portadores de dislipidemia familiar, ou seja, para pessoas que têm colesterol
ruim e triglicérides acima dos valores de referência. O objetivo da
idealizadora do projeto, a cardiologista Ana Cláudia Cavalcante, é evitar
mortes por doenças cardiovasculares.
"Essa
doença não tem cura, mas pode ser perfeitamente controlada com o tratamento
certo, de forma a evitar as doenças cardiovasculares. Colesterol e
triglicérides altos são os maiores responsáveis por elas", destaca a
cardiologista.
O
diferencial do ambulatório é o atendimento integral ao paciente em um único
dia. "Normalmente, o paciente é atendido pelo cardiologista e encaminhado
a outros profissionais, como o nutricionista. Ele sai de um especialista e
precisa marcar com o outro, tendo, muitas vezes, de esperar por até
quatro", explica Ana Cláudia.
"Aqui
no ambulatório, em um único dia, ele é atendido pelo cardiologista, pelo
nutricionista e também por fisioterapeuta, psicólogo e farmacêutico. Já sai da
unidade com toda a terapêutica", completa.
O aposentado
Antônio Xavier de Lucena, 66 anos, quase nem acreditou ao ser atendido no
ambulatório. "Nem pensei que estava em um hospital público, sendo atendido
em tudo que preciso em um dia só, sem precisar voltar aqui depois", conta
ele, que tem diabetes e colesterol alto.
Segundo Ana
Cláudia, o ambulatório está funcionando com portas abertas, ou seja, qualquer
pessoa que tenha um exame em mãos com triglicérides acima de 500mg/dl e
colesterol ruim maior que 190mg/dl pode ser atendido no local, independentemente
de encaminhamento de algum médico. "Atualmente, atendemos às
quartas-feiras à tarde. Mas aumentando demanda, temos condições de reorganizar
para ofertar mais horários", destaca a cardiologista.
AVALIAÇÃO –
O ambulatório foi implementado no início deste ano e, desde então, cerca de 40
pacientes já iniciaram o tratamento com o método multidisciplinar.
Todos eles
passam por uma avaliação no início do tratamento, denominada questionário de
qualidade de vida, e após seis meses ele é refeito para saber se a terapêutica
adotada tem surtido efeito.
Em
tratamento por colesterol alto desde 2008, Maria Abília Carvalho de Castro, 59
anos, que respondeu seu questionário nesta semana, ainda não conseguiu
encontrar uma maneira de controlar a doença. A expectativa da equipe, e dela
também, é que as coisas melhorem com a nova terapêutica. "Gostei da
mudança na forma do atendimento. Vamos ver como vai ser", diz,
esperançosa.
Outro
diferencial do ambulatório é o oferecimento de apoio psicológico. "Quando
a pessoa descobre o problema, pode ficar desanimado porque terá de fazer
algumas mudanças nos hábitos de vida. Então, o psicólogo ajuda na melhor
compreensão desse processo e a ter mais adesão. Nós traçamos estratégias de
enfrentamento à nova situação", explica a psicóloga Damilly Carvalho.
DOENÇA -
Estima-se que, no Distrito Federal, pelo menos 15 mil pessoas tenham o
colesterol ruim acima de 190 mg/dl e não sabem. "Se conseguíssemos atender
a todos, evitaríamos muitas mortes", alerta a cardiologista Ana Cláudia.