domingo, 9 de julho de 2017

​ Base ganha ambulatório para controle de colesterol ruim

O Hospital de Base implementou um novo ambulatório na unidade, para atendimento específico a portadores de dislipidemia familiar, ou seja, para pessoas que têm colesterol ruim e triglicérides acima dos valores de referência. O objetivo da idealizadora do projeto, a cardiologista Ana Cláudia Cavalcante, é evitar mortes por doenças cardiovasculares.

"Essa doença não tem cura, mas pode ser perfeitamente controlada com o tratamento certo, de forma a evitar as doenças cardiovasculares. Colesterol e triglicérides altos são os maiores responsáveis por elas", destaca a cardiologista.

O diferencial do ambulatório é o atendimento integral ao paciente em um único dia. "Normalmente, o paciente é atendido pelo cardiologista e encaminhado a outros profissionais, como o nutricionista. Ele sai de um especialista e precisa marcar com o outro, tendo, muitas vezes, de esperar por até quatro", explica Ana Cláudia.

"Aqui no ambulatório, em um único dia, ele é atendido pelo cardiologista, pelo nutricionista e também por fisioterapeuta, psicólogo e farmacêutico. Já sai da unidade com toda a terapêutica", completa.

O aposentado Antônio Xavier de Lucena, 66 anos, quase nem acreditou ao ser atendido no ambulatório. "Nem pensei que estava em um hospital público, sendo atendido em tudo que preciso em um dia só, sem precisar voltar aqui depois", conta ele, que tem diabetes e colesterol alto.

Segundo Ana Cláudia, o ambulatório está funcionando com portas abertas, ou seja, qualquer pessoa que tenha um exame em mãos com triglicérides acima de 500mg/dl e colesterol ruim maior que 190mg/dl pode ser atendido no local, independentemente de encaminhamento de algum médico. "Atualmente, atendemos às quartas-feiras à tarde. Mas aumentando demanda, temos condições de reorganizar para ofertar mais horários", destaca a cardiologista.

AVALIAÇÃO – O ambulatório foi implementado no início deste ano e, desde então, cerca de 40 pacientes já iniciaram o tratamento com o método multidisciplinar.

Todos eles passam por uma avaliação no início do tratamento, denominada questionário de qualidade de vida, e após seis meses ele é refeito para saber se a terapêutica adotada tem surtido efeito.

Em tratamento por colesterol alto desde 2008, Maria Abília Carvalho de Castro, 59 anos, que respondeu seu questionário nesta semana, ainda não conseguiu encontrar uma maneira de controlar a doença. A expectativa da equipe, e dela também, é que as coisas melhorem com a nova terapêutica. "Gostei da mudança na forma do atendimento. Vamos ver como vai ser", diz, esperançosa.

Outro diferencial do ambulatório é o oferecimento de apoio psicológico. "Quando a pessoa descobre o problema, pode ficar desanimado porque terá de fazer algumas mudanças nos hábitos de vida. Então, o psicólogo ajuda na melhor compreensão desse processo e a ter mais adesão. Nós traçamos estratégias de enfrentamento à nova situação", explica a psicóloga Damilly Carvalho.

DOENÇA - Estima-se que, no Distrito Federal, pelo menos 15 mil pessoas tenham o colesterol ruim acima de 190 mg/dl e não sabem. "Se conseguíssemos atender a todos, evitaríamos muitas mortes", alerta a cardiologista Ana Cláudia.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 40% dos brasileiros têm colesterol acima do limite máximo (240 mg/dL), responsável por mais de 2,5 milhões de mortes no mundo, 200 mil no Brasil. E cada vez mais jovens estão passando a enfrentar o problema