A Estratégia
Saúde da Família (ESF) está avançando com celeridade no Itapoã. No período
anterior à implantação do novo modelo de atenção primária no DF, a cobertura
das equipes limitava-se a 59% da população local e hoje já atinge 81,1% - um
aumento de 22%, que está gerando resultados práticos na região. A Unidade
Básica de Saúde (UBS) 1 já concluiu o processo de transição, dedicando
integralmente todas as suas nove equipes de saúde ao projeto atual.
"Atendemos
as comunidades do setor Del Lago, com 21 mil habitantes, e Fazendinha, com 12
mil, sempre com apoio do Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (Nasf), integrado
por pediatra, fonoaudiólogo, nutricionista, assistente social e terapeuta
ocupacional", informa a gerente de Serviços de Atenção Primária, Eleuza
Procópio de Souza.
Ao lado das
ações de rotina pertinentes à UBS, as ações preventivas tem sido aplicadas de
forma sistemática junto à população local. Atividades como automassagem, lian
gong, caminhadas e práticas artesanais estão surtindo efeitos benéficos entre
os usuários, com a melhoria das condições de saúde gerais e até mesmo de
quadros clínicos crônicos, reversíveis com a prática de exercícios físicos e
terapias ocupacionais, como o artesanato.
"A
propósito, os pacientes crônicos, com diabetes ou hipertensão, têm sido alvo de
atenção especial na UBS. Durante dois dias na semana oferecemos atividades
específicas para esse grupo, como as caminhadas orientadas e reeducação
alimentar, de suma relevância para a melhoria dos seus indicadores de saúde. Em
parceria com a Secretaria de Educação, também ofertamos, às segundas, quartas e
sextas-feiras, sessões de ginástica localizada, com a orientação de um educador
físico", relata Eleuza Souza.
QUADRO SOCIAL
– A atuação da UBS 1 em ações que promovem a integração da comunidade com as
equipes de saúde tem importância singular em sua área de abrangência,
especialmente em função da situação de vulnerabilidade local, de baixa condição
socioeconômica. É o caso do grupo da comunidade que desenvolve atividades de
artesanato na UBS, que conseguiu não somente melhorar o nível de saúde dos
participantes, como contribuiu para o restabelecimento de vínculos sociais.
São cerca de
15 integrantes, em média, que produzem peças como bolsas de tecido estruturadas
com embalagens de leite longa vida, carteiras, porta-tesouras, objetos de
decoração, tapetes e caminhos de mesa em crochê e novos produtos que se sucedem
com a troca de experiências, onde cada uma repassa as habilidades próprias às
outras.
"Nos
conhecemos nas práticas integrativas na UBS 1 e fomos incentivadas a montar um
grupo de artesanato, que deu muito certo. Melhorou muita coisa na minha vida,
pois antes ficava em casa, sem contato com a vizinhança. Agora estou mais
tranquila, com mais saúde. Isso aqui é muito divertido", relata a baiana
Ornelina Maria Lacerda, animada com seu ofício de nova artesã. A opinião é
compartilhada pelas demais integrantes do grupo, que apoiaram a declaração da
colega balançando positivamente as cabeças, repletas de ideias criativas.
Niedja Nara
Granjeiro Sampaio Rodrigues também teve acesso ao grupo por intermédio das
práticas integrativas ofertadas na UBS 1. As dores nas costas que a incomodavam
ficaram no esquecimento, diz, com renovada satisfação. Mesmo sendo mãe de
quatro filhos adolescentes declara, arrancando sorrisos no ambiente:
"estou me sentindo com 15 anos, porque, além de aprender as práticas,
fazemos novas amizades e passamos a nos encontrar fora daqui. "
Enquanto
floresce a amizade e um novo estado corporal e mental entre as artesãs, também
emerge no processo de confecção dos artefatos a oportunidade de integração
social e geração de renda. O grupo tem realizado regularmente exposições na
tenda das práticas integrativas em frente à UBS, na sede da administração de
Itapoã e em eventos na cidade. "Também vendemos em casa os produtos, mas é
tudo baratinho", diz Ornelina Lacerda, vendendo "seu peixe" com
uma inusitada e recém-descoberta vocação comercial.