A Câmara
Legislativa realizou audiência pública na manhã desta quarta-feira (26) para
discutir a situação do tratamento de câncer de mama na rede pública de saúde do
DF. O autor da iniciativa do debate, deputado Rafael Prudente (PMDB), criticou
a gestão dos recursos destinados à saúde pelo Governo do Distrito Federal.
"Esta Câmara Legislativa destinou mais de R$ 20 milhões para a manutenção
de equipamentos hospitalares, mas hoje não há sequer um equipamento de
radioterapia funcionando. As pacientes que procuram a rede pública hoje
dependem de favores de outros hospitais", apontou o distrital.
Rafael
Prudente também apresentou números da execução orçamentária do governo na área
da saúde para embasar sua crítica. "Até 17 de abril, o governo só executou
R$ 5,5 milhões dos R$ 69 milhões autorizados para a manutenção de equipamentos
hospitalares. O dinheiro está sobrando e as pessoas estão morrendo por falta de
tratamento. A Secretaria de Saúde do DF tem um orçamento de R$ 7 bilhões, quase
o mesmo que a Secretaria de Saúde de São Paulo, que tem uma população muito
maior", comparou.
O médico
oncologista do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Carlos Henrique dos Anjos, fez uma
apresentação da evolução do tratamento médico da doença. "Hoje temos
medicamentos muito eficazes, que aumentam bastante o tempo de sobrevida das
pacientes. São medicamentos caros, cujas patentes precisam ser quebradas para
viabilizar a produção nacional. Do ponto de vista técnico, as drogas são
eficientes, mas a sociedade precisa decidir quanto está disposta a pagar para
aumentar o tempo de vida das pessoas acometidas por essa doença", afirmou.
Representando
a Secretaria de Saúde, o Dr. Bruno José de Queiroz Sarmento admitiu que o
diagnóstico precoce no DF ainda está longe de atingir o ideal. "Hoje
apenas 4% das mulheres alvo fazem o rastreamento do câncer de mama. Nossa meta
para este ano é chegar a 25%, o que representa por volta de 80 mil exames. No
entanto, a demanda hoje de exames na rede pública é de apenas 18 mil. Precisamos
que mais pessoas procurem os hospitais públicos para realizarem esses
exames", informou.
Sarmento
disse ainda que o DF conta com dois equipamentos de radioterapia, sendo que um
deverá ser implantado em novembro deste ano e o outro, somente em 2019.
"Hoje operamos um equipamento antigo de cobalto, que na verdade deveria
ser peça de museu. Mesmo assim, vamos usá-lo por mais quatro ou cinco anos, até
que possa enfim ser substituído pelos mais modernos", afirmou.
Para o
defensor público federal Eduardo Nunes de Queiroz, porém, a necessidade de
diagnósticos precoces é urgente. "Se o governo alega não ter recursos para
tratamentos avançados, então que pelo menos sejam feitos os exames preventivos
na população alvo", defendeu. Joana Jeker, da Associação de Mulheres
Mastecmotizadas de Brasília, também falou sobre a importância do diagnóstico
precoce. "Hoje, 50% dos casos são diagnosticados em estágios avançados da
doença. Se essas mulheres fossem diagnosticadas precocemente, suas chances de
cura estariam em 95%. Todos sabemos que para o paciente com câncer, o tempo é
muito valioso", observou.
Éder Wen -
Coordenadoria de Comunicação Social